Alcácer do Sal / 2008
Foi o meu primeiro, 1º Prémio em poesia! Tem um significado muito especial para mim este poema em que presto homenagem ao meu querido pai!
PRIMEIRO PRÉMIO
XXII JOGOS FLORAIS DA AURPICAS
Tema: “A cantar no coração”
Modalidade: POESIA OBRIGADA A MOTE (DÉCIMAS)
Título: SAUDADE
Mote:
O Sol-posto quando invade
A terra da solidão
Faz-me lembrar a saudade
A cantar no coração.
(Jorge Marques)
Glosas:
I
Aos ombros sabedoria
O passado no olhar,
Na ausência de brincar,
Sempre restou fantasia.
Houve tempos de alegria
Elos de longa amizade…
Despediu-se a mocidade,
Por cada gosto e desgosto,
Colheu nas rugas do rosto,
O Sol-posto quando invade.
II
Em sua bondade imensa,
Quis abraçar seus amores,
Semeador de valores,
A marcar sua diferença.
Viveu para a sua crença,
Foi um fiel guardião…
Que grandiosa lição!
Cuidou seus filhos, seus netos
E povoou com afectos
A terra da solidão.
III
Se trabalhou com carinho,
Sempre distinto no gesto,
Foi esse jeito modesto
Que nunca o deixou sozinho.
Ao trilhar o seu caminho
Não lhe fugiu com a idade
Sua palavra, verdade,
Foi alma, foi transparência
E agora a sua ausência
Faz-me lembrar a saudade.
IV
Amor, no modo de ser
Alma sã, por natureza,
Em mim, restou a tristeza
E tanto a agradecer!
Foi sereno o seu viver,
A Paz na palma da mão,
Face de menino, ancião,
Logo uma lágrima cai…
E ouço a voz do meu Pai
A cantar no coração.
Helena Eusébio Santos
........................................
TERCEIRO PRÉMIO
XXII JOGOS FLORAIS DA AURPICAS
Tema: “A cantar no coração”
Modalidade: POESIA OBRIGADA A MOTE (DÉCIMAS)
Título: RESTAM POEMAS DE AMOR
Mote:
O Sol-posto quando invade
A terra da solidão
Faz-me lembrar a saudade
A cantar no coração.
(Jorge Marques)
Glosas:
I
Cansada, a tarde se cobre
Doce manto, finda o dia,
Numa estranha melodia,
O sino geme o seu dobre.
Relógio de toque nobre
Diz as horas à cidade,
Nas réstias de claridade
Baú de sombras e medos,
Onde guarda os segredos,
O Sol-posto quando invade.
II
Calada, a noite acontece,
Que bom é poder sonhar!
Há, nas histórias a contar,
Enredos que a vida tece.
Ternura que transparece,
Cartas de amor e paixão,
Escritas pela ilusão,
A quem as leu e sentiu
E onde o poeta descobriu
A terra da solidão.
III
Na escuridão, os sentidos,
Onde o sentimento lavra,
São cadências da palavra
Em tesouros repartidos.
São momentos esquecidos
No fulgor da mocidade,
Conquistas e liberdade,
O calor de um abraço
E o eco de cada passo
Faz-me lembrar a saudade.
IV
P’la madrugada serena,
Beijos que pedem guarida,
O Sol a vestir a vida
E a vida a valer a pena.
Perde-se doce e amena
Tua mão na minha mão…
Sonhos caídos pelo chão,
Numa pauta por compor,
Restam poemas de amor
A cantar no coração.
Helena Eusébio Santos